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Crianças com diagnóstico de pé torto congênito contam com atendimento especializado e cirurgias corretivas diretamente no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), unidade da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), construída e mantida pela Prefeitura e gerida pelo Einstein. A oferta do tratamento no próprio município garante mais agilidade no cuidado, reduz o tempo de espera e melhora significativamente os desfechos clínicos.
O procedimento, considerado essencial para garantir a qualidade de vida das crianças, antes só era possível por meio da regulação estadual, o que aumentava o tempo de espera e comprometia os resultados clínicos dos pacientes. Até o momento, 16 cirurgias já foram realizadas na unidade, desafogando o sistema.
O pé torto congênito se dá quando um bebê nasce com deformidades rígidas nos pés e não consegue colocá-los na posição normal, ou seja, com o calcanhar para trás e os dedos para frente. De acordo com Renata Nunes, cirurgiã ortopédica pediátrica do HMAP, a condição afeta 1 a cada 2000 nascidos vivos no Brasil, sendo mais comum no sexo masculino. O diagnóstico intraútero é possível, porém não tão comum.
O tratamento utilizado no hospital segue o Método Ponseti, considerado o mais eficaz e seguro para corrigir o pé torto congênito. A técnica consiste em uma série de manipulações delicadas nos pés da criança, seguidas da aplicação de gessos que vão corrigindo progressivamente a posição dos ossos e músculos. Em alguns casos, é realizada uma pequena cirurgia no tendão do calcanhar (tenotomia) para completar a correção.
Após essa etapa, a criança passa a usar uma órtese, também fornecida pelo hospital, para manter o alinhamento adequado e evitar recidivas. Quando o tratamento é iniciado precocemente e seguido corretamente, o método apresenta alta taxa de sucesso, sem necessidade de cirurgias invasivas no futuro. “A abordagem permite que as crianças tenham mobilidade plena e qualidade de vida sem necessidade de cirurgias mais complexas”, explica a especialista.
A médica também chama a atenção para as consequências de um tratamento tardio ou inadequado. Segundo ela, sem a intervenção no momento certo, ou seja, assim que o problema é diagnosticado, a criança pode desenvolver dificuldades para realizar atividades simples do dia a dia, como caminhar ou praticar esportes.
“Quando o tratamento é iniciado fora do tempo ideal, há maior risco de dor, deformidades e alterações na marcha, o que compromete a qualidade de vida e o desenvolvimento motor da criança”, explica.
No HMAP, a realização dos procedimentos é feita com o suporte do centro cirúrgico e da estrutura de internação do hospital, reconhecido pela resolutividade em casos de média e alta complexidade. O diretor médico do HMAP, Pedro Vieira, destaca que a oferta do procedimento representa um importante avanço na rede municipal de saúde da região.
“A incorporação das cirurgias de correção do pé torto congênito fortalece a assistência ortopédica pediátrica no município. Com a realização local, temos o potencial de reduzir o tempo de espera pelo tratamento, gerando acesso, além de evitar o deslocamento dos pacientes e seus familiares para outros municípios”, afirma.
O secretário municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, Alessandro Magalhães, reforça que a iniciativa é fruto do compromisso da gestão em ampliar o acesso a serviços especializados.
“Trata-se de uma entrega concreta que beneficia diretamente as crianças e suas famílias. A descentralização desse tipo de atendimento, antes concentrado em Goiânia por meio da regulação estadual, representa um avanço importante para a autonomia da nossa rede e para a eficiência do cuidado prestado à população aparecidense”, destaca o secretário.
Referência
Recentemente, o HMAP foi oficialmente habilitado pelo Ministério da Saúde como centro de referência nacional em ortopedia e traumatologia de média e alta complexidade, integrando o programa federal “Agora Tem Especialistas” e garantindo repasse anual de R$ 1,2 milhão.
Sobre o HMAP
O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) foi inaugurado em dezembro de 2018 e é o maior hospital do Estado feito por uma prefeitura. Administrado pelo Einstein desde junho de 2022, foi construído numa área superior a 17 mil metros quadrados, onde atua com mais de 1.100 colaboradores para o atendimento de casos de alta complexidade, incluindo hemodinâmica e cirurgia bariátrica, além de várias especialidades cirúrgicas e diagnósticas. A estrutura contempla 10 salas de cirurgia e 235 leitos operacionais, sendo 10 de UTI pediátrica, 39 de UTI adulto, 31 de enfermaria pediátrica, e 155 leitos de clínica médica/cirúrgica.
Trata-se da primeira operação de hospital público feita pelo Einstein fora da cidade de São Paulo. Nos primeiros seis meses de gestão, as filas de UTI da unidade foram reduzidas consideravelmente e a capacidade de atendimento dos leitos, dobrada. Já as longas filas de espera para cirurgias eletivas foram diminuídas em menos de um ano, feito alcançado graças a iniciativas como mutirões cirúrgicos, que priorizaram demandas urgentes. Nos primeiros seis meses de gestão Einstein, o tempo de permanência dos pacientes no hospital também foi reduzido de 9,5 para 5 dias. Em relação à mortalidade, em junho de 2022 a taxa era de 15,33% e, seis meses depois, de 3,6%.
Entre janeiro de 2023 e julho de 2024, o HMAP realizou 90% de todos os procedimentos eletivos pelo SUS em Aparecida de Goiânia, levando a cidade ao título de município que mais realiza cirurgias não urgentes pelo SUS. Em 2025, prestes a completar três anos sob gestão Einstein, o hospital obteve a acreditação ONA nível 1, da Organização Nacional de Acreditação - um reconhecimento pela segurança e qualidade da assistência na unidade. No mesmo ano, a UTI do HMAP recebeu o Selo Top Performer 2025, concedido a hospitais que demonstram excelência no cuidado de pacientes em estado crítico.
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