Você já sentiu fome? Não aquela fome que se resolve com um prato de comida, mas a fome de justiça, de dignidade, de um direito básico negado? Maria Eloá sentiu. E sua partida precoce nos confronta com uma realidade cruel: em um mundo onde o luxo convive com a miséria, uma vida pode ser silenciada por algo tão simples quanto um alimento. Que preço estamos dispostos a pagar para finalmente ouvir as vozes que clamam por socorro?
Quantas vidas precisam se perder para que a fome de justiça seja saciada?
No último domingo, a pequena Maria Eloá, uma criança que dependia de cuidados especiais e de um leite específico, o Infantrini, partiu precocemente, deixando uma cidade perplexa e indignada. Eloá necessitava de 15 latas por mês do alimento, conforme prescrição médica, mas há meses sua mãe enfrentava uma batalha inglória para conseguir o suplemento junto à Prefeitura. A solicitação foi repetidamente negada, transformando o direito básico à saúde em uma luta dolorosa e desesperadora.
Enquanto Maria Eloá agonizava no Pronto Atendimento Infantil (PAI), cenário que deveria simbolizar acolhimento e cuidado, por falta de latas de leite que custam pouco mais de 100 reais, outra cena, de glamour e luxo, acontecia em Caldas Novas. O prefeito Kleber Marra e a primeira-dama celebravam a renovação de seus votos matrimoniais em um evento com diversas comidas e cercado de sigilo, mas que não conseguiu escapar dos olhos atentos da população.
A dor da perda de Maria Eloá, moradora do setor Portal das Águas Quentes II, ecoa como um símbolo do abandono vivido por muitos em Caldas Novas. De um lado, a família de uma criança em vulnerabilidade, clamando por dignidade e atenção; do outro, o poder público concentrado em festas e ostentações, distante da realidade dos que mais precisam.
A negligência com Maria Eloá é mais do que uma tragédia isolada: é o reflexo de uma cidade "jogada às traças", como muitos moradores têm definido. Os problemas vão além da saúde. Falta sensibilidade, planejamento e, sobretudo, compromisso com a vida humana.
A história de Maria Eloá não pode ser esquecida. Que ela sirva como um chamado à responsabilidade e à reflexão, para que nenhuma outra criança precise pagar com a vida por uma gestão que escolheu as aparências em detrimento do essencial.
Caldas Novas chora por Maria Eloá, mas também clama por justiça, respeito e humanidade. Que sua partida precoce seja o ponto de partida para mudanças profundas e necessárias na condução do município.
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