
O gari José Francisco Conrado da Silva, 48 anos, não conteve a emoção ao receber a notícia de que o filho, Maicon Rainan de Almeida Silva, 28 anos, havia sido aprovado em medicina em uma faculdade do Rio de Janeiro.
A notícia foi recebida no dia 27 de fevereiro pela família, e as aulas do tão sonhado curso de medicina na Universidade Unigranrio, no Campus Duque de Caxias (RJ), já começam na segunda-feira (10/3).
O gari da Companhia de Urbanização (Comurg) conta que, desde que o filho nasceu em 1996, sempre pensou em dar um futuro melhor para o menino.
“Meu filho sempre foi focado e batalhou muito, sempre estudava dia e noite. A conquista é dele e também de toda a família”, afirma.
José Francisco começou a trabalhar na Comurg em 2006 e fala sobre os desafios de levar comida à mesa para a família, além de incentivar o filho a estudar.
“A rotina era pesada, eu começava às 19h e só chegava em casa no outro dia. Passava a noite toda limpando as ruas de Goiânia”, comentou.
O gari conta que já levou materiais achados no lixo que poderiam ser aproveitados para o filho.
“Já levei livros, chuteiras, brinquedos, muita coisa que, às vezes, eu não conseguia comprar”, comentou.
Já o filho exalta o pai e a importância da profissão de gari para a sociedade. Na opinião dele, os garis, assim como os médicos, cuidam de pessoas e lidam diretamente com a saúde pública.
“Vou viajar para outro estado e cursar medicina, mas com sentimento de gratidão pelo meu pai ser gari e ter cuidado de mim”, diz Maicon.
Histórico exemplar
O calouro de medicina Maicon Rainan de Almeida acumula um histórico exemplar nos estudos. O jovem já passou, em 2023, em medicina veterinária na Universidade Estadual de Goiás (UEG) e, em sequência, na Universidade Paulista (Unip) para odontologia.
“Sempre fui dedicado nos estudos, tendo como exemplo meu pai, que era dedicado com a família. Passei em outros cursos, mas o meu sonho é ser médico e cuidar de gente”, diz Maicon.
O calouro afirma que, se não tivesse o sonho de ser médico, trabalharia nas ruas de Goiânia com muito orgulho. A prova disso é que o pai o incentivou a se inscrever no concurso para gari na Comurg, mesmo enquanto estudava para passar no vestibular de medicina.
“Eu fiquei aguardando ansioso sair este edital para eu fazer e trabalhar junto com meu pai, mas, infelizmente, não teve. A minha trajetória de estudos só foi possível graças ao apoio dos meus pais que, mesmo sem muitas condições financeiras, me encorajaram”, finaliza.
Foto: Luciano Magalhães / Companhia de Urbanização (Comurg) – Prefeitura de Goiânia
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