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Atlas da Violência 2025 registra menor taxa de homicídios no Brasil em 11 anos
Documento foi divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)

1. Atlas da Violência 2025 registra menor taxa de homicídios no Brasil em 11 anos

Vários fatores explicam a redução geral da violência letal no país, como as políticas de segurança pública com planejamento, foco no resultado, uso da inteligência e ações de prevenção - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O Brasil registrou, em 2023, a menor taxa de homicídios dos últimos 11 anos: foram 45.747 mortes, o equivalente a 21,2 casos por 100 mil habitantes. Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira, 12 de maio, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Em relação a 2022, a redução foi de 2,3%.

No recorte por Unidades Federativas (UFs), os menores indicadores de homicídios por 100 mil habitantes estão localizados nos estados do Sul, além de São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais. Já as maiores taxas se concentram nas regiões Norte e Nordeste.

De acordo com o Atlas, vários fatores explicam a redução geral da violência letal no país: a continuidade da transição demográfica rumo ao envelhecimento da população (que começou antes e com mais intensidade nos estados do Sudeste e Sul); trégua na rivalidade entre as duas maiores facções criminosas; e uma verdadeira “revolução invisível” nas políticas de segurança pública locais, nas quais o planejamento, o foco no resultado, o uso da inteligência e as ações de prevenção social vêm substituindo a antiga política, baseada meramente no policiamento ostensivo.

HOMICÍDIOS OCULTOS — Entre 2013 e 2023, 8,6% das mortes por causa externa não tiveram a intencionalidade identificada. Isto é, 135.407 pessoas morreram de forma violenta sem que o Estado conseguisse identificar a causa básica do óbito: se decorrente de acidentes, suicídios ou homicídios – são as chamadas mortes violentas por causa indeterminada (MVCI). São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia concentram 66,4% das MVCI.

O Atlas da Violência 2025 estimou que, no período compreendido entre 2013 e 2023, ocorreram 51.608 homicídios ocultos no Brasil, uma média anual de 4.692 homicídios que deixaram de ser contabilizados no país. No entanto, após a repercussão do último Atlas da Violência, lançado em 2024, os governos de muitas Unidades Federativas se mobilizaram para melhorar a qualidade dos dados, diminuindo as MVCI. Vinte e uma unidades Federativas conseguiram reduzir o número de homicídios ocultos entre 2022 e 2023.

MORTE NA JUVENTUDE — Em 2023, 34% das mortes de jovens (entre 15 e 29 anos) no país foram classificadas como homicídios. Considerando todos os assassinatos no Brasil naquele ano, 47,8% (21.856) tiveram vítimas nessa faixa etária, o que corresponde a uma média de 60 jovens mortos violentamente por dia no país. Considerando a série histórica dos últimos onze anos (2013-2023), os homens foram as principais vítimas de homicídio entre jovens, correspondendo a 94% das vítimas.

Entre 2013 e 2023, 2.124 crianças de 0 a 4 anos foram assassinadas no Brasil. No mesmo período, 6.480 vítimas tinham entre 5 e 14 anos, e outras 90.399 eram adolescentes de 15 a 19 anos. As armas de fogo foram o meio mais comum nos homicídios registrados em todas as faixas etárias. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos, 83,9% das mortes ocorreram por arma de fogo. No grupo de 5 a 14 anos, esse percentual foi de 70,1%.

RECORTES DEMOGRÁFICOS — Considerando também o recorte racial nos homicídios do país, o Atlas registrou que, em 2023, foram registrados 35.213 homicídios de pessoas negras – pretas e pardas – uma variação de -0,9% nos números absolutos em relação ao ano anterior. Também em 2023, uma pessoa negra tinha 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio do que uma pessoa não negra – aumento de 15,6% em relação a 2013.

No caso dos povos indígenas, o Atlas da Violência revela que, em 2023, a taxa de homicídios registrados foi superior à nacional: enquanto a taxa nacional foi de 21,2 por 100 mil habitantes, a de indígenas foi de 22,8, com aumento de 6% em relação a 2022. Embora historicamente superior, a taxa de homicídio indígena apresentou expressiva redução: de 62,9 por 100 mil indígenas em 2013 para 23,5 em 2023 — uma queda de 62,6%. 

Entre 2022 e 2023 o número de homicídios femininos apresentou crescimento de 2,5%, na contramão da tendência geral, que vem apresentando reduções consistentes desde 2018. O estudo mostra também que as mortes de mulheres se distribuem de forma muito heterogênea pelo país: enquanto a taxa média de mortalidade de mulheres no país foi de 3,5 por grupo de 100 mil pessoas do sexo feminino, alguns estados atingiram taxas elevadas, como é o caso de Roraima, que registrou 10,4 mortes de mulheres para cada grupo de 100 mil, a maior do país. Os dados indicam também que as mulheres negras seguem sendo as principais vítimas da violência letal: 68,2% dos óbitos foram de mulheres pretas e pardas em 2023.

TRÂNSITO — A novidade do Atlas da Violência 2025 foi a sessão sobre Violência no Trânsito. Entre 2010 e 2019, o Brasil registrou aproximadamente 392 mil mortes em sinistros de transporte terrestre, um aumento, em números absolutos, de 13,5% em relação à década anterior. A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes apresentou um aumento de 2,3% no período. Neste início da segunda década (2020 e 2023), observa-se a tendência de aumento da mortalidade no país. Um dos principais fatores relacionados com esse aumento na mortalidade de trânsito é que as mortes de usuários de motocicletas no Brasil cresceram mais de 10 vezes nos últimos 30 anos.

VIDAS PROTEGIDAS — O Governo Federal, por meio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lançou o projeto "Vidas Protegidas: enfrentando a violência letal contra crianças e adolescentes". Com investimento de aproximadamente US$ 291 mil, o projeto terá duração de 18 meses, e abrangerá ações integradas de pesquisa, formação e assistência técnica voltadas à prevenção da violência letal infantojuvenil no Brasil. Estão previstas 27 oficinas formativas, uma em cada unidade da Federação, para promover a capacitação de gestores públicos sobre sistematização de dados e prevenção da violência letal, bem como 27 reuniões técnicas de devolutiva com foco na construção participativa de planos de ação locais. A iniciativa é fruto de parceria entre a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA/MDHC), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes Brasil (UNODC) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

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