Caldas Novas, conhecida como destino turístico e polo de lazer em Goiás, enfrenta um problema que vai além da falta de planejamento urbano: a desorganização chegou a tal ponto que o Ministério Público precisou intervir oficialmente. A 4ª Promotoria de Justiça expediu uma notificação ao prefeito Kleber Marra e ao secretário municipal de Meio Ambiente, Sérgio Gustavo da Silva, cobrando a elaboração de um mapa de ruído ou estudo técnico equivalente para diagnosticar e enfrentar a poluição sonora que atormenta moradores e turistas.
A recomendação não é mero detalhe burocrático. Segundo a promotora de Justiça Fabiana Cândido, a medida é resultado de inúmeras reclamações de perturbação do sossego que já lotam os registros do MPGO. Sem organização e planejamento por parte da Prefeitura, a cidade vive um cenário de caos acústico, especialmente em épocas de alta temporada, quando bares, eventos e trânsito intenso tornam insuportável a rotina de quem vive ou visita o município.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ruídos acima de 55 decibéis configuram poluição sonora, capaz de gerar sérios danos à saúde, como insônia, estresse, depressão, perda de concentração, hipertensão, gastrite e até queda de desempenho escolar e profissional. A ausência de medidas efetivas da gestão municipal transforma um problema de saúde pública em realidade cotidiana.
O mapa de ruído, conforme destacou a promotora, é uma ferramenta indispensável para identificar não apenas as regiões críticas, mas também aquelas que ainda preservam tranquilidade. O estudo poderá orientar intervenções como mudança de fluxos viários, ajustes nos horários de funcionamento de empreendimentos e até redefinição de limites de velocidade.
O município agora tem prazo de 90 dias para iniciar o mapeamento sonoro. Concluída essa etapa, a Prefeitura terá mais 90 dias para apresentar um cronograma de ações. Até lá, prefeito e secretário devem se manifestar em até 10 dias úteis sobre o acatamento da recomendação.
O recado do MPGO é claro: a falta de organização e de planejamento não pode continuar transformando Caldas Novas em uma cidade barulhenta e desrespeitosa com a saúde de seus moradores.