1. Lewandowski sobre prisão de Tuta: "Vitória contra o crime organizado"
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski (C), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues (E) e o secretário-geral da Interpol, Valdecy Urquiza, durante entrevista coletiva para falar da prisão de Marcos Roberto de Almeida, ocorrida na Bolívia na sexta-feira (16) - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, detalhou a prisão de Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta. Ele é identificado como um dos principais articuladores de um esquema internacional de lavagem de dinheiro vinculado a uma organização criminosa. O indivíduo estava foragido desde 2020 e foi detido por uso de documento falso em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
"O governo brasileiro teve uma vitória muito importante em sua luta contra o crime organizado, que foi justamente a prisão, na Bolívia, de um delinquente de alta periculosidade ligado a uma importante facção criminosa no Brasil", pontuou durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira, 19 de maio.
De acordo com o ministro, a operação exigiu articulação entre diferentes órgãos e instâncias do Governo Federal. "Foi uma operação extremamente complexa. Evidentemente, como se tratava de um preso em outro país, o presidente da República foi imediatamente informado, e determinou que o Itamaraty fosse avisado e envolvido na negociação para trazer este criminoso para o Brasil", disse Lewandowski.
O ministro destacou ainda a importância da atuação conjunta entre Bolívia e Brasil no combate ao crime organizado. “Hoje existe uma rede internacional de cooperação contra o crime organizado extremamente bem-sucedida, extremamente sólida. É importante lembrar que a Bolívia inclusive é país-membro do Mercosul. Nós temos diversos tratados de intercâmbio no que diz respeito à cooperação policial”, afirmou.
PERICULOSIDADE — Diante da periculosidade e do risco de fuga, mesmo sob custódia das autoridades bolivianas, optou-se por realizar o processo de expulsão de Tuta do país vizinho. "É um outro direito internacional, que permite que o país, por meio de uma ação soberana, expulse do país aquelas pessoas que possam eventualmente ter cometido um crime ou que possam representar um perigo para a sociedade local", frisou ao pontuar que a Polícia Federal enviou um avião para transportar Tuta para Brasília.
INVESTIGAÇÕES — As investigações tiveram início em São Paulo, a partir de uma ação do Ministério Público estadual. "Isso revela o entrosamento das forças locais de segurança que se integram no sistema judiciário com as forças locais. É justamente aquilo que nós almejamos com a PEC da Segurança que está tramitando no Congresso Nacional", falou Lewandowski.
IDENTIFICAÇÃO BIOMÉTRICA — O escritório da Interpol, em Brasília, havia sido acionado para checar suas bases de dados e informar com precisão à polícia boliviana a respeito da pessoa que estava se apresentando com documento falso. Após feita a identificação do foragido, a Polícia Federal comunicou o êxito da captura ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, destacou a importância da base de dados biométrica, que permitiu retornar com a informação praticamente em tempo real, informando quem era a pessoa que estava ali e, com isso, permitindo que a polícia boliviana fizesse a detenção do foragido. "Conseguimos, quase que em tempo real, confirmar quem era, de fato, aquela pessoa que estava lá se apresentando à unidade policial da Bolívia, e com isso dar a materialidade, a certeza, a segurança para que as autoridades bolivianas fizessem a prisão em flagrante daquela pessoa", afirmou.
"Recebemos esse preso na fronteira, levamos até a nossa delegacia para fazer procedimentos administrativos e jurídicos legais, por exemplo, exames de corpo de delito, enfim, e documentação, e a partir daí embarcamos na nossa aeronave da Polícia Federal, que já estava lá aguardando, e fizemos esse translado com o desfecho muito favorável", disse o diretor da PF.
— A Interpol, enquanto organismo internacional das polícias, é formada atualmente por 196 países, e tem por missão garantir a comunicação e o intercâmbio de informação e a coordenação operacional entre as polícias de todo o mundo. "E esse caso requereu justamente uma atuação coordenada entre as polícias da Bolívia e do Brasil", resumiu Valdecy Urquiza, secretário-geral da Interpol.
Segundo Urquiza, Tuta já constava nos bancos de dados da organização desde 2020, através de um mecanismo internacional de compartilhamento de informação de foragidos internacionais. "A Interpol também atuou apoiando a Polícia Federal do Brasil e da Bolívia no intercâmbio de informações de biometria, que foram extremamente necessárias e úteis para a correta identificação desse indivíduo. A Polícia Federal participa do Centro Biométrico da Interpol, um centro que conta com a participação de vários países do mundo, e que tem por objetivo realizar esse intercâmbio quase que em tempo real de informações biométricas, o que apoiou, então, na identificação do criminoso", explicou.