Começa a funcionar primeiro Centro de Referência em Saúde Indígena do Brasil, no Território Yanomami

Ministro da Saúde fez visita técnica no sábado (6) ao novo serviço, que vai assegurar o cuidado de casos graves e suporte em emergências. Centro beneficiará cerca de 10 mil indígenas de 60 comunidades

1. Começa a funcionar primeiro Centro de Referência em Saúde Indígena do Brasil, no Território Yanomami

Representando o Governo do Brasil, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, realizou no sábado (6/9) uma visita técnica ao primeiro Centro de Referência em Saúde Indígena (CRSI Xapori Yanomami) do país, localizado no Território Yanomami, em Roraima, no coração da Amazônia. A visita marcou o início dos atendimentos. Com investimento federal de cerca de R$ 29 milhões, a unidade amplia a capacidade de atendimento, fortalece a infraestrutura e eleva a qualidade da assistência oferecida às comunidades indígenas da região.

“A última construção aqui foi em 1992. Estamos trazendo a saúde da Terra Indígena Surucucu para o século XXI, com equipamentos modernos, melhores condições de trabalho para os profissionais e acolhimento digno para a população indígena”, afirmou Alexandre Padilha.

O projeto é resultado de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre o Ministério da Saúde, a Central Única das Favelas (Cufa) e a organização Target Ruediger Nehberg Brasil. Também conta com o apoio do Exército, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Defesa e do Ministério de Minas e Energia. “O nosso compromisso é superar de vez o risco de genocídio que passou o povo Yanomami. Vamos entregar outras duas unidades até o final do próximo ano, além da reestruturação da Casai (Casa de Saúde Indígena) em Boa Vista e da parceria com o Hospital Universitário”, garantiu o ministro.

CENTRO DE SAÚDE – O novo centro de saúde indígena vai assegurar que casos agudos e graves sejam atendidos com urgência no próprio território, beneficiando cerca de 10 mil indígenas de 60 comunidades. A iniciativa reduz a necessidade de remoções para serviços de média e alta complexidade nos centros urbanos e oferece suporte em emergências e cuidados continuados, respeitando o perfil epidemiológico e as especificidades culturais, sociais e de saúde dos povos indígenas.

“Quando começou o governo do presidente Lula, apenas sete polos tinham profissionais de saúde. Hoje, mais de 30 polos contam com médicos do Mais Médicos, enfermeiros, nutricionistas e técnicos de enfermagem. É um aumento de 169% de profissionais dentro da terra indígena”, detalhou Padilha. Esta obra representa um marco histórico para a saúde dos povos indígenas e reflete a resposta do Governo Federal à crise sanitária enfrentada pelo povo Yanomami, quando, em 2023, uma força-tarefa reuniu diversos órgãos para socorrer as comunidades após um período de abandono e negligência do poder público”.

R$ 29 MILHÕES – O investimento total no Centro é de aproximadamente R$ 29 milhões, sendo R$ 15 milhões destinados à construção, equipamentos e insumos, e R$ 14 milhões voltados ao custeio e manutenção de 164 profissionais – equipes de saúde (114 profissionais), de logística (40 profissionais) e de infraestrutura e saneamento (10 profissionais). As equipes de saúde incluem médicos clínicos e especialistas, cirurgiões-dentistas, agentes indígenas de saúde, de saneamento e de endemias, entre outros profissionais.

120 PACIENTES E ACOMPANHANTES – O Centro possui mais de 1.300 m² de área construída, com capacidade para acolher cerca de 120 pacientes e acompanhantes. São três blocos principais: um espaço de 387 m² destinado ao alojamento de profissionais de saúde, uma área de 801 m² voltada aos atendimentos e um refeitório de 122 m² para garantir a assistência nutricional. “É uma grande transformação no cuidado da população Yanomami. Esta unidade serve não só ao polo Surucucu, mas a 22 subpolos, funcionando também como base de apoio para outros polos e para transferências de pacientes”, disse o ministro.

SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS – O Centro contará com equipamentos de suporte à assistência hospitalar e ambulatorial, incluindo recursos para diagnóstico, tratamento e monitoramento clínico, como raio-x, ultrassonografia, exames laboratoriais, doppler fetal, eletrocardiograma, exames preventivos do câncer do colo do útero, pré-natal e teste rápido para malária. Além disso, dispõe de salas de estabilização equipadas com suporte para oxigenoterapia e carrinhos de emergência, Central de Material e Esterilização, equipamentos de refrigeração para conservação de medicamentos e vacinas, e sistemas de energia e abastecimento de água sustentáveis, além de geradores.

SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA – Segundo o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, a presença do Centro no Território Yanomami trará maior resolutividade ao atendimento das comunidades indígenas, incluindo serviços de urgência e emergência. O secretário também destaca o laboratório de análises clínicas. “Os exames são realizados diretamente no local, evitando que o indígena precise se deslocar de avião até Boa Vista, uma logística complexa”.

REDUÇÃO DE 33% NOS ÓBITOS – Dados preliminares do Ministério da Saúde apontam para redução de 33% no número de óbitos no território Yanomami em dois anos, comparando o primeiro semestre deste ano com o mesmo período em 2023. Em relação a doenças respiratórias, o número de óbitos caiu 45%, a queda por malária foi 65% e de 74% por desnutrição.

DOBRO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE – O resultado reflete a maior presença de profissionais de saúde, cujo número mais que dobrou, e os investimentos em infraestrutura e qualificação do atendimento pelo Governo Federal. A força de trabalho cresceu: em 2025, o território conta com 1.855 profissionais, ante 690 em 2022.

154 MIL ATENDIMENTOS – Em 2025, mais de 154 mil atendimentos já foram realizados. Quase 80% das crianças menores de cinco anos são acompanhadas pela Vigilância Alimentar e Nutricional, com aumento no percentual de crianças com peso adequado.

PIONEIRISMO – O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami foi o primeiro criado no âmbito da saúde indígena. Sua sede está localizada em Boa Vista e abrange uma área de 9.664.975 hectares, incluindo regiões de Roraima e Amazonas, na fronteira com a Venezuela. Com a ação do Governo Federal, atualmente todos os 37 polos de saúde do DSEI estão em pleno funcionamento, reduzindo significativamente o vazio assistencial no território. Desde o início da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), cerca de R$ 256 milhões foram investidos na recuperação e melhoria da infraestrutura dos estabelecimentos de saúde indígena.